Esta história podia ter entrado no livro "Cem Anos de Maratona em Portugal". Foi contado pelo Prof. Mário Machado.
Assim, numa maratona nacional dos anos 80, não está preciso o ano e local, um dos conhecidos atletas de pelotão, o Batista, o "madeirense", nas suas múltiplas corridas, decide enfrentar a distância. Com os seus treinos e com os conselhos de amigos, lá se apresentou para a partida. Antes ainda do momento esperado, do tiro de partida, Batista dirige-se ao júri, para entregar o seu abastecimento sólido. Naquela altura, como os abastecimentos eram escassos, os atletas providenciavam os seus próprios suplementos que tinham de ser entregues ao júri da prova, algumas horas antes da partida, para que fossem entregues ao atleta nas zonas destinadas a tal. Assim, frente ao árbitro do júri, muito solenemente, Batista pede que lhe entreguem o abastecimento aos 30 km. O juíz que o recebeu, embora não estivesse muito para aí virado, lá lhe disse que sim, pedindo-lhe para lhe dar então o abastecimento pretendido. Nessa altura, para espanto do juíz, o Batista entrega-lhe um frango assado! Um frango assado, ainda quentinho, para o Batista se abastecer aos 30 km. Tendo cumprido a formalidade, perante o olhar de gozo de toda a gente, o amigo madeirense lá foi para a partida e começou a sua prova, descansado pela entrega do reconfortante abastecimento numa altura que ele sabia ser crítica.
O árbitro que recebeu o abastecimento lá o fez seguir para a equipa dos 30 km.
Entretanto, o amigo Batista lá seguia a sua corrida, não sabemos em que pensava, mas o frango assado aos 30 km certamente lhe preenchia a mente, dando-lhe mais alento e cada vez mais fome. Mas, ao chegar ao local do abastecimento a esperança virou desilusão. «O meu abastecimento? Onde é que ele está quem o tem?», perguntava o Batista olhando para todo o lado, até que vê o embrulho, onde só estavam algumas peles e ossos. Não é que os juízes, pensando que era um farnel, comeram o frango do Batista!
